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Virada feminina na política de Sonora

  • lauras05
  • há 1 minuto
  • 3 min de leitura

Pela primeira vez, o município tem prefeita e duas vereadoras, rompendo a hegemonia masculina no poder local


Paloma Rainho


Em uma cidade de pouco mais de três décadas de emancipação, Sonora começa a viver um momento de mudança. Pela primeira vez, uma mulher ocupa o cargo de prefeita, e duas vereadoras compõem a Câmara Municipal: Clotilde Castro e Flávia Vasconcellos, ambas professoras. Essa presença feminina, ainda recente, reflete o esforço e a coragem de mulheres que decidiram romper barreiras em um espaço historicamente dominado por homens.

A professora Clotilde de Souza Silva Castro, hoje vereadora, afirma que sua trajetória política começou de forma natural, sem planos definidos. Sempre envolvida com a Educação, atuou como coordenadora, técnica e gerente municipal antes de decidir disputar uma vaga no Legislativo. “Eu quis ser a voz do povo, representar todas as classes, principalmente os educadores e as mulheres. Minha vontade sempre foi melhorar a qualidade de vida do município”. Eleita com 412 votos em 2024, Clotilde considera a confiança dos eleitores um compromisso a ser retribuído com trabalho.

Desde a fundação da cidade em 3 de junho de 1988, 87 mulheres se candidataram a cargos eletivos, mas apenas seis foram eleitas — cinco como vereadoras e uma como prefeita. Apesar de o número ainda ser pequeno, ele representa um avanço importante para um município que, por décadas, viu a política ser conduzida majoritariamente por homens. “Hoje somos duas vereadoras e temos uma prefeita. Isso mostra que estamos conquistando nosso espaço, mas ainda há muito a ser feito”, comenta Clotilde.

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As dificuldades enfrentadas pelas mulheres na política, segundo ela, continuam sendo um obstáculo. “Muitas vezes não somos ouvidas. Alguns colegas ainda acham que a mulher é mais frágil, menos capaz. Isso existe, e é uma realidade que precisa mudar”, afirma. Para Clotilde, a mudança começa com as próprias mulheres, que muitas vezes também resistem em votar em candidaturas femininas. “Precisamos acreditar mais em nós mesmas. Ainda há preconceito, inclusive entre mulheres, e isso é muito triste”.

A vereadora também destaca a falta de políticas públicas voltadas às mulheres em Sonora, especialmente nas áreas de proteção contra o feminicídio, reinserção profissional e incentivo ao primeiro emprego. “Faltam programas que defendam e apoiem as mulheres. Precisamos de oportunidades reais para que elas possam crescer e se fortalecer dentro da sociedade”.

 

Desafio feminino na Prefeitura

 

No Executivo Municipal, a prefeita Maria Clarice Ewerling traz uma história marcada pelo envolvimento comunitário. Desde a juventude, ela atuou em ações sociais e religiosas, muito antes de pensar em ingressar na política partidária e eleitoral. “Desde o começo da cidade eu ajudava em tudo: pesagem de crianças, campanhas contra desnutrição e ajuda a famílias carentes. A comunidade conhece o meu trabalho desde cedo”.

Sua motivação para entrar na vida pública veio do desejo de fazer mais pelas pessoas. “O amor pela cidade e pelas pessoas me trouxe para a política. Quando você quer fazer a diferença, esse é o caminho natural”. Eleita como a primeira prefeita de Sonora, Clarice admite que enfrentou resistência, mas também reconhecimento. “Ouvi que eu não era capaz, que mulher não dava conta. Mas mostrei o contrário, com trabalho e dedicação. Hoje as pessoas veem que a mulher tem força, tem capacidade”.

Para ela, a política exige empatia e escuta. “A gente precisa ouvir mais, entender as necessidades das pessoas. Eu aprendo muito escutando. As cobranças existem, principalmente em uma cidade pequena, mas isso aproxima a gestão da comunidade e nos ajuda a resolver os problemas de forma mais humana”.

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Entre as conquistas de sua administração, Clarice Ewerling destaca melhorias na saúde, o fortalecimento do hospital, a conclusão de uma creche que estava inativa e novos investimentos em moradia e infraestrutura. Mesmo com as dificuldades financeiras causadas pela defasagem no censo e a redução de repasses, ela mantém o compromisso de fazer mais com menos. “Estamos cuidando de quase 19 mil habitantes, mas recebendo recursos para 14.500. É um desafio, mas seguimos firmes”.

Tanto a prefeita quanto a vereadora compartilham uma visão comum: o futuro político de Sonora passa pela confiança nas mulheres. “Precisamos de oportunidades iguais. A mulher é capaz, responsável e comprometida. Só precisa que acreditem nela”, diz Clotilde.

Clarice reforça o mesmo sentimento. “Mulher, acredite em você e na outra mulher. Lute, batalhe e faça o seu trabalho com amor. Assim você conquista o respeito e mostra que é capaz”.

Em Sonora, a presença feminina na política não é apenas um marco histórico — é o início de uma nova fase, em que a força, a sensibilidade e a determinação das mulheres começam a transformar o cenário político da cidade.

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