Moradia por aluguel aumenta mais de 50% em MS
- MILENY RODRIGUES DE BARROS
- há 3 dias
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Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios aponta que 26% dos domicílios estão alugados
Mileny Rodrigues, Ninfa Ribeiro, Pietra Vasconcelos, Rafaela Ancel e Rafaela Ribeiro

Imagem: Rafaela Ribeiro
O número de moradores vivendo de aluguel em Mato Grosso do Sul cresceu 54% nos últimos oito anos, ou seja, de um milhão de domicílios encontrados no estado, 270 mil são alugados. De acordo com a pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o aluguel é a segunda escolha de moradia mais comum para a população do Estado.

Moradia em Campo Grande (2024). Fonte: IBGE
Apesar do avanço do aluguel, a única categoria que registrou crescimento entre 2023 e 2024 foi a dos imóveis já pagos, com alta de aproximadamente 2,7%, o equivalente a 29 mil novas unidades. Já as residências cedidas caíram 1,6%, o que representa 16 mil a menos.
O movimento local acompanha a tendência nacional. No Brasil, a porcentagem de domicílios alugados passou de 18% para 23% entre 2016 e 2024, enquanto a de moradias próprias já quitadas diminuiu em 5,2% no mesmo período. Em Campo Grande, os preços altos ajudam a explicar a escolha pelo aluguel. Segundo o Índice FipeZAP de Locação Residencial, a capital foi a cidade com maior alta no preço de imóveis residenciais, com uma taxa de 2,26% ao mês e aumento de 37 reais no preço do metro quadrado em junho.

Fonte: IBGE
O economista Eduardo Matos explica que são diversos os fatores que levam a população preferir morar de aluguel. Para ele, o aumento na taxa do valor residencial diz respeito a área central e bairros mais nobres, ao contrário de outras regiões, que se mantém estável porém não registra alta na venda de imóveis, por motivos diversos. “O valor de um imóvel, considerado razoável hoje, só vai ser encontrado em regiões periféricas. Isso é prejudicial principalmente para trabalhadores que dependem de transporte público, que sabemos que é um serviço deficitário, ou para os que possuem veículo próprio e se locomovem para o centro da cidade. O trabalhador quer estar mais próximo do seu posto de trabalho e é preciso ponderar essas questões”.
A percepção do custo no orçamento é sentida por quem vive essa realidade. A jornalista Lidiane Rodrigues, de 47 anos, vive de aluguel há três anos com seus dois filhos. Todo mês a sua prioridade é efetuar o pagamento de sua moradia, acima de todos os outros gastos. “Eu acho que meu aluguel é muito caro. Eu pago R$1.800 numa casa e pesa no meu orçamento. Meus filhos moram comigo e ajudam. Um paga a conta de água e outro paga a internet”, relata.
Além de preços e localização, mudanças no perfil dos lares pesam na demanda por imóveis menores e bem localizados. Segundo outro levantamento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) contínua do IBGE, em Campo Grande, quase 19% dos moradores viviam sozinhos em 2024, o maior índice da série para a Capital, o que pode fazer com que a procura por imóveis menores aumente.
É o caso da estudante universitária Nayane Aleixo. Ela explica que se mudou para Campo Grande para fazer faculdade e achou mais vantajoso morar em um imóvel alugado, próximo à universidade. Para a estudante, morar sozinha é uma preferência pessoal. “Quando me mudei para Campo Grande, eu ficaria na casa de familiares, mas além do tempo que eu demorava para chegar à universidade, pelo bairro ser mais afastado, eu não tinha tanta privacidade. Os valores dos aluguéis próximos à faculdade não fugiam do meu orçamento, então além de ter um canto só para mim, ainda seria possível me manter”.

Natural do interior de São Paulo, a acadêmica Nayane Aleixo não sente vontade de comprar um imovel em Campo Grande. Imagem por: Rafaela Ribeiro
Eduardo Matos aponta que, mesmo com os problemas destacados, o investimento na compra de imóveis continua relevante e é a melhor opção para os moradores. “A compra sempre valeu a pena. O valor de uma parcela de financiamento é muito próximo ao valor pago do aluguel e o cidadão está pagando por um bem dele, está empregando aquele capital em um bem que no fim vai ficar com ele”, afirma o economista.
Pensando no futuro, Lidiane usufrui de um planejamento financeiro e afirma que irá financiar um imóvel no próximo ano. “É uma grande dificuldade morar de aluguel porque é um dinheiro que você está pagando para morar, porém pagando para outro, não é a sua casa, não é algo que você conquistou”. Pretendo, daqui a um ano, financiar e ter uma casa própria. Também pensando no futuro dos meus filhos, em deixar algo para eles”.

Lidiane Rodrigues é natural de Aparecida, São Paulo, e mora em Campo Grande há 13 anos.
Imagem: Mileny Barros
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