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Hip hop como instrumento de transformação social

  • Foto do escritor: CAMILA RODRIGUES CUNHA
    CAMILA RODRIGUES CUNHA
  • há 5 horas
  • 3 min de leitura

Claudinei da Silva, o DJ Magão, relembra sua trajetória de mais de 30 anos na cena do hip hop sul-mato-grossense


Ana Zanutto e Rui Netto



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Foto: Arquivo pessoal.



Nascido e criado no Santo Eugênio, bairro periférico de Campo Grande (MS), nosso entrevistado já abriu shows de grandes artistas, como Racionais Mc´s, Matuê e Flora Matos. Claudinei da Silva é casado há 25 anos, pai de uma filha, e fala com carinho de suas origens. Ele conta alguns casos de seus mais de 30 anos de carreira como DJ Magão, e destaca como o hip hop e a arte o salvaram. Com a paixão surgindo em 1989, ao ver o irmão mais velho dançando, Magão conta que começou no break dance, que foi seu ponto de partida para o mundo do hip hop. Segundo Magão, esse estilo musical é formado por quatro pilares: o rap como a música, o break como a dança, o DJ como maestro e o grafite como arte. “O hip hop era isso, ele nos mostrou um caminho pro mundo real, tá ligado?”.

A emoção fala alto quando se toca no assunto ídolos. Magão não esconde sua paixão pelo grupo de rap Racionais Mc´s e conta que, na adolescência, chegar em sua casa simples de madeira, na adolescência e sentar com seu amigo pra escutar um disco de vinil do grupo de Mano Brown com seu amigo, era um evento, quase que uma celebração. A ansiedade era grande nas primeiras oportunidades que teve de abrir os shows de seus ídolos, mas hoje em dia, com uma carreira mais consolidada, consegue lidar melhor com isso e trata como uma experiência profissional.

Desde pequeno o interesse pela música foi cultivado como uma vocação, e os encontros entre amigos, apenas para escutar e gravar fitas, só reforçaram isso em seu interior. Desses encontros, surgiu o Perfect Break (que tempos depois viria a se tornar o grupo Falange da Rima), a primeira oportunidade de Magão nesse mundo do no hip hop. Primeiro dançando, depois rimando e por fim se consolidando como o DJ do grupo. “Como assim vão pagar pra eu fazer o que eu amo?”, conta o entrevistado em tom de comédia. Ele acrescenta além de incrementar que as oportunidades vieram muito rápido nessa época.



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Foto: Arquivo pessoal.



Quando perguntado sobre as histórias durante mais de três décadas de carreira, o DJ se emociona. Certa vez Magão foi parado por um frentista enquanto abastecia seu carro, entusiasmado o homem começou a contar sua história. “Cara! Em 2010 você foi tocar numa festa beneficente em uma igreja lá no cerradinho [...] você tava lá com os grupos de rap gospel e eu tava passando na frente, ouvi a música, entrei pra ver como era e pedi pra tocar. De início não me deixaram e eu já estava indo embora, mas você foi atrás de mim, me chamou e me deu uma oportunidade”. Após contar essa história, o frentista relatou que naquele dia, anos atrás, ele estava armado e tinha acabado de sair para fazer umas “fitas” erradas, e que a música que o Magão estava tocando e a chance que ele recebeu o fizeram sair do mundo do crime. “O hip hop salva vidas cara! Salvou a minha”.



Tendo crescido numa época dominada pelas gangues de bairro na capital sul-mato-grossense, Magão conta que, se não fosse a música e a dança, ele provavelmente estaria preso ou morto, assim como muitos dos meninos que cresceram com ele. “Naquela época você não tinha acesso à cultura, não tinha acesso à uma escola decente, você tinha que trabalhar muito cedo pra ajudar em casa. Então, o hip hop me ensinou coisas que a escola nunca me ensinou na época, me ensinou sobre consciência política, racial, sexual e muito mais. O hip hop me fez ser quem eu sou sem precisar de outras instituições”. 

Magão fala com orgulho de suas raízes, mas tem mais orgulho ainda do homem que se tornou. Seja tocando para milhares de pessoas em um super show ou para um casal comemorando aniversário de casamento num bar. Com seu grupo, ele coleciona homenagens e reconhecimentos, como o troféu do Festival Campão Cultural, dado em 2022 pela Secretaria de Cultura de Mato Grosso do Sul e o reconhecimento “Periferia pede paz”, por todo trabalho desenvolvido com a música na periferia através do Falange da Rima e de outros grupos de rap.



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Foto: Arquivo pessoal.


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