Além dos 60: os desafios e cuidados com a saúde do idoso em MS
- Karita Emanuelle Ribeiro Sena
- há 5 dias
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Com o aumento da população idosa no Estado, é necessário pensar sobre como lidar com os problemas da terceira idade de hoje e de amanhã
Por Breno Kaoru e Theoangelo Cruz
Com o avanço da área da saúde, Mato Grosso do Sul vê um aumento proporcional e progressivo entre o passar dos anos e a idade média da população. O Estatuto da Pessoa Idosa completa mais de duas décadas como principal instrumento jurídico para essa população, assegurando uma série de direitos, desde prioridade em atendimentos e gratuidade no transporte interestadual até proteção contra qualquer forma de violência, abandono ou discriminação. Com o envelhecimento populacional, a saúde do idoso vira uma preocupação não apenas dos núcleos familiares, mas uma questão coletiva.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a média de idade da população que era de 35,5 anos em 2023 deve chegar aos 48,4 anos em 2070. O crescimento implica também em mais desafios para a população de idosos. Pessoas acima de 60 anos requerem cuidados mais intensivos com relação à saúde, além de assistência e previdência social.
Mato Grosso do Sul deu um passo importante na proteção da pessoa idosa com a aprovação de uma norma que obriga empresas beneficiadas com incentivos fiscais no Estado a destinarem entre 0,85% e 1% do Imposto de Renda ao Fundo Estadual dos Direitos da Pessoa Idosa (FEDPI/MS). A medida, com potencial de injetar cerca de R$ 50 milhões anuais em políticas sociais, visa fortalecer diretamente o suporte à terceira idade, além de crianças e adolescentes.
Em outra esfera de ação, em maio deste ano foi aprovada no Congresso Nacional uma Proposta de Emenda à Constituição que permite a estados e ao Distrito Federal criar normas e leis sobre a proteção ao idoso. A medida descentraliza e potencializa a criação de políticas públicas regionais mais efetivas.
Futuro envelhecido

Segundo o Ministério da Saúde, doenças crônicas, problemas de saúde agudos decorrentes de causas externas e agravamento de condições crônicas são dificuldades que uma pessoa mais velha pode enfrentar. Essas características refletem em maior risco de óbito e de complicações súbitas que essa população enfrenta, e também na necessidade de que o sistema de saúde esteja preparado para atuar nesses casos.
Em Mato Grosso do Sul, de acordo com o IBGE, 14% dos habitantes do Estado são idosos. Essa faixa etária possui demandas importantes e especiais relacionadas à saúde.
O geriatra Marcos Blini, 40 anos, explica que a ciência evoluiu nos últimos anos para qualificar os benefícios dos exercícios físicos resistidos, com destaque para o público mais velho. “Hoje em dia, os pacientes que a gente atende de 60 à 70, até beirando os 80 anos, tem uma preocupação com o envelhecimento muito maior”.
O especialista reforça que a expectativa de vida tende a aumentar exponencialmente, mesmo levando em consideração a mortalidade de pessoas mais jovens que morrem em sinistros ou doenças cardiovasculares e câncer. Ainda assim, Blini aponta que a falta de profissionais qualificados e informados cientificamente de boas formas de cuidar dos idosos, além dos cuidados por parte de familiares e cuidadores são dois grandes desafios a enfrentar.
“A tendência é que, muito em breve, a gente tenha uma população idosa que não terá ninguém da família para oferecer cuidado a esse paciente”, alerta. O especialista explica, que muitos idosos viúvos ou solteiros sem filhos acabam ficando sem um acompanhante apto a cuidar deles. Nesses casos, a lei determina que o Estado é o responsável, o que pode gerar uma crise de gestão financeira em caso de aumento significativo dessa população, conforme o previsto.

O casal Maria Delossi Caiel Colar, 62 anos e Heitor Colar, de 78 anos, conta que vem se preocupando mais com a própria saúde, adotando alimentação equilibrada e a prática de atividades físicas. Para eles, as medidas levam a uma melhor qualidade de vida, ainda que a poluição seja um obstáculo. Heitor, acompanhado de sua esposa, acredita que o sistema de saúde deixa a desejar. “Às vezes você faz uma solicitação para o médico e quando vê eles cortaram, e não pode mais”.

Com reclamações semelhantes, a aposentada Maria Olga Duarte, 70 anos, nascida em Assunção, mas que vive há 40 anos na Capital, se queixa da lentidão no atendimento. “O idoso está sendo bem cuidado, bem atendido, mas o problema é a demora”, reclama a idosa. A aposentada afirma que precisa muito de ajuda médica, mas que por vezes esbarra nas grandes esperas que enfrenta no sistema público de saúde.






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