Fred chegou ao pensionato para servir de companhia à dona, mas acabou se tornando o mascote do local
Texto e fotos: Priscila Couto
Fred, o Golden Retriever do pensionato feminino da Rua Bertioga em Campo Grande, acorda com o nascer do sol, se hidrata em sua fonte de água e sendo um cachorro companheiro, vai para a porta do quarto de sua dona, que estava um pouco aberta, o suficiente para ele entrar e se deitar.
Fred chegou ao pensionato com três meses e no mesmo ano foi adestrado
Naquele dia, o cachorro se levantou quando a porta abriu totalmente e seguiu a mulher até a porta do banheiro onde se deitou, já que a porta foi fechada em sua cara. Ficou ali, a encará-la aborrecido, mas esperou, afinal era um cachorro obediente e inteligente, sabia que seria recompensado. Mudou de posição, encostou o corpo na parede, até que a senhora saiu do banheiro e o golden se animou - começou a correr e pular em volta dela, que respondeu:
- Não vou brincar de bola com você agora não, Fred.
O cachorro continuou pulando e só parou quando a frase foi repetida, fazendo o Golden se sentar e esticar a pata, como um pedido de desculpas, um dos ensinamentos que Fred aprendeu durante seu adestramento. Seguiu a senhora para a cozinha, onde se deitou na porta e ficou lá. Só se levantou quando ela saiu e a seguiu até sua tigela de ração, onde parou ao lado e ficou esperando. Após comer, voltou para a cozinha, onde se aconchegou no vão da porta e ficou olhando seu brinquedo pendurado na árvore a sua frente, até que uma das estudantes do pensionato entrou, chamando sua atenção. Fred se levantou, foi até ela e começou a cheirá-la. Cheirou sua perna, o joelho, o braço e quando estava chegando na mão, foi advertido:
- Não, Fred. -, mas ele ignorou e tentou novamente. E de novo, levou uma negativa - Não, Fred. Fora.
O cachorro sentou. “Fora, Fred” é uma frase que não deveria ocorrer, já que o cachorro foi ensinado a obedecer às estudantes do pensionato. O Golden Retriever não saiu, apenas voltou para o vão e se deitou. Ficou observando a árvore com seu brinquedo pendurado, mas não era esse que ele queria. O cachorro continuou olhando até que focou em um ponto azul na grama. Uma bola azul. Se levantou, foi até a bola e tentou pegá-la com a boca mas falhou, estava muito longe, depois tentou cavar para ela vir para perto, mas foi impedido pela voz da senhora:
- Fred, não, não pode - e desistiu, se contentando em deitar, mas não longe da bola.
No final da tarde, o Golden continuava lá, até que, uma voz chegou em suas orelhas falando:
- Leão, eu vou ao médico e já volto. Leão é o apelido carinhoso de Fred. Ele se levantou assim que o portão foi fechado e foi atrás de sua bola. Conseguiu pegá-la e ficou correndo com ela em sua boca, até se cansar e resolver deitar dentro da cozinha, marcando o chão com suas patas sujas de terra durante o caminho.
Fred tem uma hora específica durante o dia dedicado a suas brincadeiras/ Foto : Priscila Mateus Couto
Andou, largou a bolinha e a pegou novamente, repetindo a ação até que, outra coisa chamou sua atenção. Uma porta aberta. Fred foi até ela, parou em sua entrada, pensando se valia a pena entrar no local.
Entrou e foi para o último quarto, onde não teve problema algum para entrar, já que utilizou sua altura e suas patas para abrir a porta, que estava destrancada, facilitando o trabalho do cachorro. Assim que entrou, deitou no chão, ficando de barriga para cima, curtindo o vento do ar condicionado que ainda circulava. Aproveitou até o último momento, porque assim que foi descoberto, o cachorro foi expulso ao som de mais um “Fora, Fred”, comando que foi ignorado. O Golden Retriever só saiu quando caiu no truque da bola azul - correu atrás dela quando foi jogada para fora do quarto. Pegou a bola e vendo que não conseguiria voltar, resolveu ir para fora da casa, onde ficou deitado perto do portão. Ficou até a senhora chegar, e assim que a viu, largou a bola e começou a pular. Estava animado, uma das características da personalidade da raça, sua animação, causadora das dores de cabeça de seus donos. Seguiu até o quarto, onde ouviu a frase mágica:
- O neném quer brincar ?
Comments