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Vacina contra bronquiolite chega no SUS em novembro

  • Foto do escritor: MILENY RODRIGUES DE BARROS
    MILENY RODRIGUES DE BARROS
  • há 6 dias
  • 3 min de leitura

 A vacinação para gestantes entre a 24ª e a 36ª semana de gestação ajudará a reduzir as internações hospitalares de crianças por doenças respiratórias


Bruna Melo, Camille Rosa e Nathana Nunes


No Hospital Universitário (HU), mulheres são atendidas para consulta e para o início de parto.  Foto: Camille Filetto
No Hospital Universitário (HU), mulheres são atendidas para consulta e para o início de parto.  Foto: Camille Filetto

A partir de novembro de 2025, gestantes entre a 24ª e a 36ª semana de gravidez em todo o Brasil  poderão receber pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a vacina contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR). O imunizante será aplicado gratuitamente durante o pré-natal nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou em locais definidos para vacinação na região. O objetivo é reduzir internações e mortes de bebês por bronquiolite, uma das complicações mais graves provocadas pelo vírus. 


De acordo com o boletim da Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul (SES-MS) de abril de 2024, o Estado registrou no período 2.126 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e 162 mortes. Dessas, 979 eram crianças de zero a nove anos. 


Já em 2025, de acordo com o boletim epidemiológico da SES-MS lançado no dia 24 de outubro, Mato Grosso do Sul confirmou 8.876 casos e 746 óbitos por doenças respiratórias. Um acréscimo de 417,5% nos casos em relação ao ano passado. Houve redução no número de crianças infectadas, com uma média de 26,01% dos casos sendo de crianças de zero a nove anos. 


Fonte: Boletim Epidemiológico Síndrome Respiratória Aguda Grave, Semana 42 de 2025, SIVEP Gripe / SES / MS. *Acumulado do período por data de início dos primeiros sintomas. 
Fonte: Boletim Epidemiológico Síndrome Respiratória Aguda Grave, Semana 42 de 2025, SIVEP Gripe / SES / MS. *Acumulado do período por data de início dos primeiros sintomas. 

De acordo com a ginecologista e obstetra Bruna Silveira Coelho, a definição do período entre a 24ª e a 36ª semana de gestação para a aplicação da vacina é estratégica. “Nesse intervalo os anticorpos da mãe passam melhor para o bebê, garantindo proteção nos primeiros meses de vida. Estudos mostram transferência placentária mais eficiente quando a vacina é aplicada pelo menos algumas semanas antes do parto”, explica.


No HU, as mães recebem apoio nos cuidados iniciais de seus filhos. Foto: Camille Filetto
No HU, as mães recebem apoio nos cuidados iniciais de seus filhos. Foto: Camille Filetto

A obstetra ainda reforça que a imunização é segura, sem contraindicações de rotina na gestação, com raros efeitos adversos graves e sem complicações para o bebê. “Poucas recusaram por receio de efeitos no feto ou por desconfiança por ser uma novidade. Por isso, o esclarecimento durante o pré-natal é fundamental para aumentar a confiança e a adesão”, comenta.


Para além da segurança, um dos principais fatores que ampliarão a adesão  à vacina é a gratuidade pelo SUS. Hoje,  o imunizante tem custo elevado na rede particular, com o menor  valor encontrado pela equipe de reportagem em uma rede de farmácias de Campo Grande por R$ 1.589,61, sem incluir a taxa de aplicação. “Na minha prática de consultório, muitas pacientes já demonstram interesse e perguntam sobre a vacina. O principal obstáculo tem sido o alto custo, o que limitou a adesão”, acrescenta a obstetra.


Para gestantes como a bancária Daniela Barbosa, 32 anos, que está na 26ª semana de gravidez, a novidade representa uma oportunidade a mais de proteger  seu bebê. Ela diz que faz o acompanhamento de pré-natal rigorosamente e que seu médico já pediu a vacina contra o VSR, mas irá aguardar  a disponibilização pelo SUS.


Se para Daniela a expectativa é de prevenção, outras mães ainda lembram da ausência desse recurso. A analista Tânia Gomes, de 47 anos, recorda as internações do filho Lorenzo, hoje com 10 anos, por doenças respiratórias.  “Foi muito triste, porque ele precisou ficar no oxigênio, não respirava direito. Todos se assustaram, foi bem difícil para uma mãe”.


Lorenzo tinha apenas quatro anos quando precisou ficar internado por oito dias no Hospital São Lucas em Campo Grande. “Ele tem problema de asma, de bronquite.  Pegou bronquiolites umas três vezes  e ficou internado com pneumonia. A tosse era muita, ele ficava sem ar e teve que tomar adrenalina para tentar ajudar na respiração”, explica a mãe.


Para ela, a vacina poderia ter feito diferença no quadro de seu filho. “Se já ajuda a grávida, imagina uma criança. Acho que nem existia há 10 anos, eu não lembro dessa vacina e olha que tentei tomar todas”, completa. 


A expectativa da disponibilização gratuita é de que a vacina no calendário do SUS beneficie gestantes em todo o país, mas em estados como Mato Grosso do Sul, onde o VSR e SRAG têm forte impacto sobre crianças de zero a nove anos, a medida pode representar ainda uma redução significativa de internações hospitalares. 


 
 
 

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