Os alimentos agropecuários de maior consumo pelos brasileiros foram os mais afetados com a variação da moeda
Gyovana Marinho, Letícia Furtado e Sanny Duarte

A moeda norte-americana encerrou 2024 a R$6,18 com alta de 26% desde o início do ano. Além disso, ela chegou a R$6 pela primeira vez e bateu recorde nominal de alta desde 2020. O ano de 2025 não começou diferente, no primeiro dia chegou a R$6,22 e nesta terça-feira (4), estava R$5,76. O preço do dólar tem grande influência em muitos setores da economia brasileira e o consumidor consequentemente é o mais afetado nessa situação. Com a alta da moeda, os preços tendem a subir principalmente em setores de varejo e agroindústria.
O dólar americano detém o título de mais importante e influente moeda do mundo e essa valorização passa por uma combinação de diversos fatores. O poder econômico dos Estados Unidos como nação explica grande parte desse fator, sendo a maior economia do mundo com o Produto Interno Bruto (PIB) maior do que qualquer outro país. Toda essa potência reflete a importância do dólar e torna ele essencial no comércio global. Mas por que o dólar aumentou no último ano? Como isso afetou os preços dos produtos no supermercado do MS? E quais são as consequências no custo de vida do consumidor?
De acordo com o economista Eduardo Matos, o aumento do dólar americano é causado por diversas variáveis, sendo uma delas a eleição do presidente Donald Trump nos Estados Unidos. “Com a eleição de Trump, algumas medidas anunciadas por ele fizeram com que o mercado reagisse de uma forma que o dólar valorizasse”. Além disso, a desvalorização do real causada por questões internas dão a impressão de supervalorização do dólar americano.
O preço elevado da moeda afeta principalmente os setores que precisam de insumos importados como fertilizantes ou conservantes alimentícios. “Toda transação internacional é feita com o dólar, então tudo aquilo que é importado ou exportado sofre com as variações da moeda americana”. Porém, os efeitos variam de acordo com o gênero alimentício já que alguns produtos possuem estoques grandes de longa duração.
Para o consumidor sul-mato-grossense, o aumento do dólar significa o encarecimento de diversos produtos alimentícios, em especial as carnes. Isso acontece devido ao preço da exportação desses produtos. “Quando a exportação é muito grande, os produtores consideram o quanto é pago no mercado externo e interno”, declarou o economista. O alto valor de exportação causa um aumento no preço dos fornecedores, refletindo diretamente nos supermercados.
Segundo Eduardo Matos, apesar do cenário atual, a tendência é a diminuição do dólar, porém ressalta que não há previsões relacionadas às políticas fiscais no Brasil. “Hoje é isso que mais pesa para a desvalorização do Real”, alerta o economista. Apesar das movimentações entre os países do BRICS (acordo internacional entre Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) a favor da criação de uma nova moeda como solução ao preço do dólar, o economista avisa que essa medida pode ser prejudicial ao Brasil. “O Brasil perderia independência e ficaria à mercê da China que é uma potência mundial e não se importa com os interesses do Brasil”, afirma o economista.
Sandra Regina, de 48 anos, conta que sentiu o impacto que as variações do dólar causam nas compras de supermercado. "Cada vez que venho ao mercado é um preço, no mês passado estava mais em conta, precisei trocar marcas por conta do preço". Sandra Regina disse que percebeu que os alimentos são os mais afetados pelo aumento do dólar. "A carne, o café, verduras, tudo aumentou, de maneira geral".
A dona de casa Eduarda, de 55 anos, comentou que por conta da cotação do dólar, costuma pesquisar ainda mais o preço dos produtos e alimentos do supermercado. "O café, a carne, produtos de limpeza, arroz, todos subiram bastante". Eduarda afirmou que costuma optar por produtos regionais ao invés de importados pelo preço.
Ione Alzira, dona de casa de 56 anos, declarou que mudou seus hábitos de compra por conta da variação do dólar, comprando somente o necessário. "Deixo de comprar algumas coisas para comprar outras". A dona de casa declarou que também prefere comprar produtos regionais e nacionais ao invés de importados por conta do preço.






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