Consumidores enfrentam dificuldades com preços elevados e reclamam da alta inflação nos mercados da Capital
Arthur Ayres e Marcos Paulo Amaral

A inflação no Brasil cresceu 6,75% nos últimos 12 meses e o bolso do consumidor é a principal vítima da instabilidade nos preços. O aumento nos valores de bens e serviços, que resulta na redução do poder de compra do Real, é a essência do conceito de inflação. A instabilidade do dólar e o anúncio do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que oficializou a taxação sobre Canadá, China e México, podem afetar diretamente os consumidores no Brasil.
Desde sua campanha eleitoral, Trump já prometia impor tarifas sobre produtos estrangeiros. Na última semana, ele oficializou taxas de 25% para produtos do México e Canadá, além de um adicional de 10% para itens chineses. Apesar de nenhuma tarifa ter sido anunciada para o Brasil — que representa apenas 1,3% das importações norte-americanas —, Trump já declarou que o Brasil “cobra muito” e que adotaria medidas semelhantes.Caso o Brasil sofra taxações, poderá buscar novos mercados, diversificando suas exportações e estabelecendo parcerias comerciais com outros países.
O cálculo inflacionário é feito por meio de um levantamento mensal em específicos setores, como por exemplo, as carnes, pacotes turísticos e passagens aéreas. Ele é feito através do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). O IPCA engloba uma parte maior da população, calculando a variação do custo médio de vida de famílias com renda mensal de um até 40 salários mínimos. Já o INPC calcula a variação do custo médio de vida apenas de famílias com renda mensal de um a cinco salários mínimos, esse grupo é mais sensível a mudanças, tendo em vista que engloba uma parte menor.
A inflação tem impactado diretamente o poder de compra dos consumidores, refletindo-se na instabilidade dos preços de bens e serviços. O economista Eugênio Pavão destaca que a alta do dólar afeta diversos setores no Brasil, influenciando produtos como remédios, roupas, perfumes e eletrônicos. “O principal impacto está nos derivados de petróleo, pois 85% dos produtos no país são transportados por rodovias. Isso eleva o preço do diesel, aumentando o custo do frete e, consequentemente, os preços para os consumidores”, explica Pavão.
A inflação reduz o poder de compra porque os preços dos produtos aumentam em ritmo mais acelerado que os salários que são ajustados por outro indexador, o INPC. Isso faz com que o consumidor precise gastar mais para adquirir os mesmos itens ou optar por alternativas de menor qualidade.
O setor de carnes foi o que mais assustou o consumidor no crescimento, no último ano, a inflação chegou a 20,84%, com a carne bovina subindo 26,79%. Pablo Oliveira, diz que foi onde ele mais sentiu diferença na hora de ir ao mercado e que também não entende sobre inflação, porém “sabe” que cresce. “Carne foi o principal, arroz também. Não costumo procurar muito para entender não, só sei que cresce”.
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