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Furto disfarçado de inovação

  • lauras05
  • 28 de abr.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 29 de abr.

Meta é acusada de usar livros sem permissão para treinar inteligências artificiais


Anna Bruschi


Dona do Facebook e do Instagram, a gigante Meta está sendo acusada de utilizar milhões de livros protegidos por direitos autorais para treinar suas inteligências artificiais sem permissão dos autores. As denúncias foram feitas por grandes nomes do setor literário, que classificam a prática como uma violação da propriedade intelectual. Ao invés de investir em acordos com os criadores, a empresa optou  por piratear obras inteiras, apagando quem efetivamente constrói a cultura: os autores.

Uma das vozes que se manifestou contra a Meta foi a da escritora Emily Henry, autora de diversos best-sellers. Em suas redes sociais, ela declarou: “Meta roubou nossos livros para treinar sua IA. O resultado inevitável é que um dia os bilionários serão capazes de remover da equação os escritores e ganhar ainda mais dinheiro com o trabalho de outras pessoas”. A indignação da autora traz à tona o fato de que as produções de diversos escritores estão sendo apropriadas por máquinas em nome de uma “inovação” que  descarta os verdadeiros criadores. 

Não se trata apenas de uma disputa por direitos autorais, mas de uma batalha sobre o valor do trabalho criativo em uma era dominada pela automação. Autores passam anos desenvolvendo suas histórias, vozes e ideias, enquanto empresas como a Meta usam essas obras para treinar IAs que imitam estilos e narrativas humanas, sem consentimento ou sentimento. Isso deixa de ser tecnologia e passa a ser roubo — um roubo disfarçado de progresso.

A Meta ainda não se pronunciou sobre as acusações, mas costuma defender o uso de dados disponíveis na internet como parte do desenvolvimento de IA. Só que muitos desses livros foram obtidos por meio de sites piratas, como o Bibliotik, citado na denúncia. Isso torna o argumento da “disponibilidade pública” não apenas frágil, mas sem ética. Se uma empresa de tamanho porte precisa recorrer à pirataria para alimentar sua inteligência artificial, algo está profundamente errado com a forma como essas tecnologias estão sendo construídas.

A verdade é que os artistas não são contra a tecnologia, mas contra seu uso como ferramenta de exploração. A única exigência em questão é o respeito por seu trabalho. A criação literária é um ato humano, subjetivo e, principalmente, único. Assim, quando grandes corporações reduzem belíssimas obras a meros dados para alimentar máquinas, não só o controle sobre os livros é perdido, mas o próprio sentido da arte.

Em um mundo onde bilionários tentam transformar toda forma de expressão em lucro automatizado, apoiar os autores, além de ser fundamental, é um ato de resistência cultural. As IAs podem ser uma ferramenta poderosa — mas jamais devem ser construídas às custas da invisibilização e do roubo da criatividade de quem realmente escreve as histórias. 


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