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Entre carinhos e arranhões: Uno, a estrela do Corredor Central

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De arisco a um símbolo de afeto no câmpus, a história de Uno reflete o poder do acolhimento e do cuidado na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul


Victória Costacurta e Jamille Gomes


De rabo levantado, ele caminha pelo corredor central da universidade como se fosse sua própria casa. Durante o horário do almoço, já de barriga cheia, ele costuma cochilar até o fim da tarde. Ao contrário dos outros semelhantes, ele leva seu sono muito a sério: por mais que passem perto ou façam carinho, não se assusta e continua dormindo.

Entre as aulas e serviços situados no corredor central da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, há uma presença preguiçosa e muito cativante. Sempre descansando em cima das mesas de madeira, ele acompanha atentamente o dia a dia dos estudantes, professores e funcionários. Seu nome se tornou muito conhecido no local, junto com o de seu companheiro Barthô. Os dois participam dos estudos dos alunos que se acomodam pelas mesas do corredor e cuidam dos veículos do estacionamento do bloco. A funcionária Dandiere da Mata, da Livraria UFMS que fica no corredor central, adora quando ele cuida de seu carro todos os dias. Ela chega e ele vai lá no carro esperar.

O pelo macio é totalmente preto, os olhos verdes e há um leve corte em uma das orelhas, sinal de que já passou pelos cuidados humanos, foi castrado. Uno é um dos gatinhos da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul.

Uno se espreguiça após uma soneca no sol. Foto: Jamille Gomes


Uno é um gato que foi abandonado na faculdade em meados de 2020, assim como seus irmãos. Quando chegou, os corredores eram tomados pelo silêncio. Devido à pandemia de COVID-19, o gatinho do corredor central teve interações com apenas alguns humanos durante seus primeiros dois anos de vida, quando ainda era um felino arisco e muito assustado. Em 2022, com o retorno das aulas presenciais e após todo o carinho recebido por professores e funcionários, os estudantes puderam conhecer o Uno que conhecemos hoje: um gato dócil e amoroso.

Os alunos da UFMS o consideram um gatinho bem preguiçoso. A estudante Mariana Piell, do oitavo semestre de Jornalismo, diz que ele é carinhoso, desde que não toque na barriga. De fato, toda vez que alguém tenta fazer carinho na barriga dele, seu instinto é morder ou arranhar.

Depois de ser encontrado no coração da universidade, Uno foi levado para ser castrado – procedimento realizado em todos os gatos que moram no câmpus –. No entanto, durante sua cirurgia, foi identificada uma alteração anatômica, conhecida como criptorquidia. É uma condição física caracterizada pela ausência de um ou ambos testículos na bolsa escrotal, podendo provocar hipoplasia testicular (desenvolvimento incompleto dos testículos), infertilidade e câncer caso não seja tratada. No caso de Uno, um de seus testículos encontrava-se dentro da sua cavidade abdominal, fora da bolsa escrotal. No período de um ano, o felino passou por duas cirurgias para que fosse possível a retirada total destes órgãos. Atualmente, ele está 100% recuperado e sua única preocupação é conseguir entrar na livraria para se refrescar no ar-condicionado. A funcionária Dandiere da Mata lamenta, mas Uno foi expulso do lugar por arranhar o sofá.

Os cuidados que garantem o bem-estar dos gatos da universidade são realizados pelos participantes do projeto de extensão Proteção Felina, coordenado pela professora Tais Fenelon. O projeto reúne diversos voluntários (estudantes, professores e funcionários) que alimentam, cuidam e realizam o agendamento de cirurgias para a saúde dos felinos, como a castração. Além disso, o grupo também realiza a doação de gatos abandonados através do seu perfil no Instagram @protecaofelina.ufms.

Vale lembrar que abandono de animais é crime pelo Art.nº 32 da Lei Federal nº 9.605 de 12 de Fevereiro de 1988 e pela Constituição Federal.

 

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